Segunda Opinião: Tudo sobre o Bruxismo by: Dra.Juliana Stuginski-Barbosa – 1ª parte

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Segunda Opinião: Tudo sobre o Bruxismo by: Dra.Juliana Stuginski-Barbosa – 1ª parte

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A Coluna Segunda Opinião é famosa, no Ortoblog, pelos seus artigos de qualidade superior elaborados por pessoas que realmente sabem o que estão escrevendo. 

Agora, orgulhosamente, a Coluna Segunda Opinião estreia também no CETROblog. E nada melhor do que estrear com um excelente artigo escrito pela Dra. Juliana Stuginski-Barbosa. 
Bio


Juliana Stuginski-Barbosa

Mestre em Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Especialista em Disfunção Têmporo-mandibular e Dor Orofacial

www.julianadentista.com

Bruxismo: Estágio Atual

Há algum tempo venho acompanhando a literatura científica no que se publica sobre o tema bruxismo e observo que infelizmente a comunidade odontológica ainda mantém alguns conceitos ultrapassados, e estes se perpetuam como falácias, muitas vezes com evidências insuficientes ou inapropriadas. Um exemplo frequente disso é a relação oclusão X bruxismo. Mas para entender como chego a esta conclusão, é preciso primeiro verificar as evidências que surgiram com o avanço das pesquisas científicas nesta área.

Para mim uma das grandes mudanças para se entender o bruxismo, decorre de sua classificação. O que antes apenas classificávamos em bruxismo cêntrico e excêntrico, hoje podemos dividir em bruxismo primário e secundário ou bruxismo em vigília ou do sono, e vejam, isso faz muita diferença!

O bruxismo pode ser secundário a uma série de condições como distúrbios do movimento (como o Parkinson), distúrbios neurológicos (como o coma e a hemorragia cerebelar), distúrbios psiquiátricos (estados demenciais, retardo mental, etc), mas os mais comuns no dia dia do consultório: secundário ao uso de medicamentos (sobretudo os inibidores seletivos da recaptação da serotonina que tem como maior exemplo a fluoxetina), de anfetaminas, de drogas ilícitas (cocaína, crack, etc), associados à ingestão abusiva de álcool ou café, à nicotina e ainda, associado a distúrbios respiratórios. O que este conhecimento trouxe de mudança? Ora, no tratamento. Quando o bruxismo está presente associado a uma das situações citadas, o primeiro procedimento é o de eliminar e/ou alterar este fator e acompanhar a evolução do bruxismo. Infelizmente nem sempre é possível.

Conhecer estas associações com o bruxismo está alterando a forma com que abordamos o bruxismo infantil, por exemplo (ele não está associado a verminoses!!!). Por quê? Ora, as crianças sofrem muito com processos alérgicos e estruturais e muitas apresentam problemas respiratórios e mesmo respiração oral com frequencia.  Ainda se procura entender como, mas pode-se supor que, por exemplo, a passagem do ar pela boca durante o sono resseque ainda mais a mucosa oral, o que faz com que ocorra um aumento nos movimentos rítmicos da mandíbula durante o sono, e com isso eventualmente os eventos de bruxismo (para estimular a salivação). Ainda, já se observou que após um evento respiratório durante o sono, com dessaturação de oxigênio, pode ocorrer um evento de bruxismo e se supõe que isso seja mais fequente nestas crianças. Assim, nestas crianças, tratamentos para reverter este quadro podem auxiliar no controle do bruxismo.

Seguindo na classificação, é importante se separar o bruxismo em vigília do bruxismo do sono, que é hoje definido pela Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono, como um distúrbio de movimento relacionado ao sono.

O bruxismo em vigília é caracterizado pelo apertamento dental, ocorre em aproximadamente 20% da população, com preferência do gênero feminino. Pouco ainda se sabe sobre isso, mas acredita-se que possa nesta caso ter associação ao estresse e também à atividades que requerem concentração. O tratamento aqui é direcionado a alertar o paciente, o tornando consciente para este hábito com auxílio de adesivos posicionados em lugares por onde o paciente circula e estimulá-lo a quando visualizar um destes adesivos, evitar de encostar os dentes. Um alerta no telefone celular também pode funcionar.

Leia a segunda parte desse artigo – aqui
Leia os outros artigos da Coluna Segunda Opinião – aqui

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